quarta-feira, 18 de junho de 2008

Mais que uma cobertura

Quando se fala em jornalismo internacional - o de guerra em especial - é possível refletir sobre a essência da profissão. Não é por acaso que um repórter é escolhido para noticiar os acontecimentos de uma cobertura no exterior. Antes de uma boa postura na televisão, ou mesmo, de conhecer detalhadamente as mais novas máquinas tecnológicas, o jornalista deve saber correr atrás da história, relacioná-la ao país de origem e ainda, querer estar o mais perto dos conflitos. Versatilidade, vontade e disposição também fazem diferença na maneira em que os fatos serão apresentados ao público.

Muito comum na atualidade são as reportagens que nada dizem. Ou melhor, que noticiam sempre o que já é conhecido. Isso acontece, porque, dentre os vários motivos – sendo o financeiro o mais evidente – o repórter não está no local. Baseado em um release, ou em informações colhidas por outros, o “profissional” constrói uma matéria fria, desinteressante e pouco importante. De nada vale enviar um correspondente que não vai às ruas, que não olha a sua volta e que não sabe apertar um botão para captar uma imagem. Não significa que o jornalista deve ser um especialista nas mais novas máquinas, no entanto, ele deve conhecer a técnica e saber aplicá-la, até mesmo, para diminuir os custos da empresa.

Hoje, há uma vasta opção de pequenas câmeras, gravadores e aparelhos necessários a uma cobertura jornalística, mesmo que com uma qualidade levemente inferior. Talvez a imagem não possua a melhor definição e talvez a voz saia com ruídos. Todavia, são os detalhes importantes nestes casos? O que vale mais, um cabelo sob os olhos, ou a sensação de que o repórter está no local? Em coberturas de guerra, os “barulhos” fazem parte da notícia. E o jornalista não é o protagonista da história, ele é apenas o mediador. Não é ele quem deve estar impecável, os fatos é que devem receber o cuidado e que devem ser apurados da melhor forma. O profissional deve se preocupar com a informação e com o entendimento de quem a recebe.

A função do jornalista de guerra é reportar o conflito. Às vezes, uma semana basta. Porém, o jornalista deve permanecer no local o tempo que for preciso. Tempo para apurar, tempo para entender. As guerras costumam ter um motivo, geralmente, histórico. Ler sobre o assunto e procurar na comunidade pessoas que possam explicar os fatos também são tarefas do profissional. É necessário que a cobertura seja compreendida para que mundo tenha conhecimento dos diferentes pontos de vista. Uma visão errada pode causar mais prejuízos e até mesmo, gerar novos conflitos.

Correspondente de guerra não desfruta de glamour. Não há tempo para isso. Uma boa cobertura exige trabalho, esforço e dedicação. O jornalista deve ser um operário que busca, a cada dia, elementos importantes para a edificação de uma boa matéria. Uma reportagem que contribua para o entendimento dos fatos e que realmente faça a diferença. Uma cobertura pode mudar um pensamento, não apenas de um único individuo, mas de uma população. O jornalista de guerra pode não saber, mas o seu papel pode ter grandes repercussões, positivas ou não.

Gente,
Peço desculpas pela ausência, o final de semestre andou ocupando grande parte de meu tempo. Espero poder atualizar com mais freqüência =)

sábado, 10 de maio de 2008

Uma história de verdade

Histórias são para ser contadas, ouvidas, interpretadas. Algumas são escritas, outras falam através da combinação de imagens, cores ou retratos. Histórias divertem, ensinam e até fazem chorar, em especial, quando a narrativa não diz respeito a um único indivíduo. Há momentos em que as idéias contidas em um texto – construído por palavras ou figuras – podem representar uma realidade que interessa ao mundo inteiro. E quando isso acontece, a arte do contar concretiza a riqueza de uma história passada a diante.

Terminou hoje, em Porto Alegre, a exposição Anne Frank - Uma História para Hoje. Durante um mês, palavras e imagens uniram-se, na Usina do Gasômetro, para contar a vida da adolescente que, por causa da perseguição nazista, viveu 25 meses escondida em um Anexo Secreto. Assim como a família, Annelise Marie Frank era judia. O esconderijo foi a alternativa encontrada para fugir do holocausto que aterrorizava o mundo europeu. Anne dividia o pequeno espaço com o pai, Otto H. Frank, a mãe, Edith Frank, a irmã, Margot Frank e mais quatro pessoas. Após a Guerra, apenas o pai sobreviveu. Os outros, incluindo a menina, foram descobertos e deportados aos campos de concentração.

Durante o tempo em que esteve escondida, Anne descobriu uma forma de mostrar o horror da época. No diário que ganhou de aniversário, a jovem dividiu as angústias, o medo e o sofrimento vivido. Hoje, o diário de Anne Frank é um dos livros mais lidos no mundo. A história contada pela jovem oferece um outro olhar sob o regime que deixou um saldo mínimo de 30 milhões de mortes. A exposição que percorre diferentes países desde 1996 é também um alerta, uma ressalva para que todo o tipo de fanatismo seja combatido. Histórias como a de Anne devem ser lidas, ouvidas e passadas a diante.

domingo, 13 de abril de 2008

Circo Brasileiro

Eles estão em todo o lugar. A toda hora. Sem descanso nem repouso, vivem em um mundo onde pedir é o trabalho e ganhar, o prazer.

Das ruas tiram o sustento, das árvores fazem suas casas. Alguns trocam, outros brincam de circo. Há também os que possuem o dom de comover, um olhar cabisbaixo, um rosto encolhido. E que dom. Não importa onde você esteja, sempre vem um a pedir: tio, tem uma moedinha?
Alguns são grandes. Outros não passam da janela em que, incansavelmente, se debruçam para facilitar a compreensão. Tio, não tem mesmo? Não, não tenho. Esta é a resposta mais freqüente. Não por falta de compaixão ou por insensibilidade. Mas, se fossemos dar, a cada esquina, uma moedinha apenas, no final do mês, poderíamos evidenciar uma diferença significativa no bolso. Sem contar que, por vezes, a abordagem dos pedintes assusta. Não deixa de ser um ato invasivo.
Não gosto de dar dinheiro. Nem tanto por questões financeiras, mais por razões de conduta. Sempre que posso, carrego algum tipo de comida, bolacha, bala ou algum docinho. Esmola não ajuda, apenas estimula a permanência nas ruas. Não sei para onde vai o dinheiro. Se é o correto? Não sei, não acho que esta seja a melhor solução, mas a comida, pelo menos, tem um destino certo.

Não é fácil equiparar o Brasil ao patamar de países Europeus, onde o conceito de pobreza não chega nem aos pés do que vemos aqui. Mas deixar-se envolver pelos rostinhos sofridos que aparecem na janela do carro, é colaborar para que eles continuem lá. Se pedir for trabalho, a rua vai continuar a ser casa. O circo vai ser montado e o espetáculo não terá fim.

segunda-feira, 31 de março de 2008

Quando uma coisa é para dar errado...

Uma desgraça nunca vem sozinha. Por menor que seja, sempre virá acompanhada. Certo? Quem nunca ouviu a frase “se alguma coisa der errado, ela vai dar errado e da pior maneira possível” ? Ou ainda, “entre dois acontecimentos prováveis, sempre acontece um improvável”? Não é brincadeira, nem pessimismo. São apenas variações da chamada Lei de Murphy. E o pior é que ela se confirma.

Há mais ou menos um mês, pude assinar embaixo do que o engenheiro Edward A. Murphy escreveu. Certa manhã, acordei com dor de cabeça. Como sofro de enxaqueca (e quem a tem sabe exatamente o quão prejudicial pode ser), resolvi tomar um remedinho para evitar futuras inomodações. Contudo, esqueci. Não me importei pelo fato de sempre carregar um na bolsa. "Tomo quando chegar no trabalho", pensei. Todavia, não deu tempo. Fui direto me arrumar, faria uma reportagem em um asilo e precisava me apressar. Como meus objetos pessoais ficam em um armário chaveado – já que andar com bolsas e pastas é um tanto quanto desconfortável - saí sem o remédio. E foi a partir deste momento que a lei de Murphy começou a vigorar.

A dor foi aumentando e minha cabeça latejava. O dia estava quente e não pudia tirar o taillieur, já que a reportagem era filmada. As horas se arrastavam. Meu alívio foi avistar o carro que nos levaria de volta à PUCRS. E que alívio.

Durante as férias, voltava de ônibus em virtude do horário de verão. Mas naquele dia, não agüentei. Deixei de lado a tal independência juvenil - aquela que a gente quer mostrar que tem quando ainda mora debaixo do mesmo teto dos pais - e joguei-me nos braços da comodidade, neste caso, necessária. E como foi bem vinda.

Enquanto aguardava pelo remédio que salvaria o dia, já podia sentir o aconconchego de minha cama e o sossego do meu quarto.

Foi quando avistei. Lá vinha ele, o fuca da família. A relíquia que sai da garagem quando o carro está no conserto. Ele estacionou, eu entrei. E deitei. Caí no banco como se fosse o colchão sob o qual me acomodo todas as noites. Fechei os olhos.

De repente, ele parou. Apagou. Sim, em plena Ipiranga, no fim da tarde, o carro simplesmente morreu. “Deu pros cocos” como diriam os mais velhos. E agora?

Estávamos de quatro . Minha avó acelerava e nada acontecia. Os carros buzinavam. A cabeça formigava. Ainda estava quente. E agora? “Vamos ter que empurrar” sugeriu minha mãe. Minha irmã discordou. Fiquei quieta, talvez estivesse processando a informação. Esperei alguns minutos e concordei, fazer o quê? Se esta é a maneira mais rápida de chegar em casa, vamos lá. Convenci minha irmã - às vezes é possível - e fomos. A esta altura a dor já tinha se espalhado por todo o corpo, até porque, tive que rir da situação. Melhor que chorar. Empurramos até saírmos do meio da rua. E, no caminho, um ser abençoado resolveu nos ajudar, talvez tenha ficado com pena daquelas desengonçadas empurrando. Minhas pernas balançavam. Lataria pesa.

Depois um bom tempo, a salvação. Meu avô, um carro, meu travesseiro. Nunca a casa foi tão bem-vinda... que dia comprido. E que leizinha, hein?

Queira Murphy constatar outros fatos, quem sabe mais positivos... Enquanto isso, torça para que o pão caia com a geléia para cima, para que se você conseguir driblar uma coisa que poderia dar errado de 4 maneiras diferentes, uma quinta não apareça e, claro: Sorria! Amanhã pode ser pior.

sexta-feira, 21 de março de 2008

Comemoração conjunta

2008, um ano incomum. Sim, este ano é especial. Não por ser o último bissexto da década de 2000. Nem pelo outono que promete escassez de chuvas. A novidade, que o fará ser lembrado na história, é a Páscoa. Ou melhor, a data em que ela é celebrada.

O dia em que é lembrada a ressurreição de Jesus Cristo não é escolhido por acaso. A Páscoa cristã é comemorada no primeiro domingo após a lua cheia do outono -no hemisfério sul - ou da primavera - no hemisfério norte. Isso porque é contada segundo o calendário judaico que, por sua vez, é baseado nas fases da Lua. Complicado?

Acontece que, este ano, a Páscoa (do latim Pessach) será festejada muito antes se comparada ao usual (de 22 de março a 25 de abril). A última vez em que ocorreu de forma antecipada foi no ano de 1913.

Coincidentemente, a celebração cristã veio ao encontro de outra comemoração: o possível aniversário do profeta Maomé, expoente da religião islâmica. Mais um motivo para ser lembrada.

Isso quer dizer que estão todos felizes? Antes fosse...

Do lado cristão, a Páscoa é um momento de reflexão. Mas parece que o que mais se reflete são os preços das lembranças, o peixe mais barato, o recorde no varejo. Alguns ainda aproveitam os dias para fazer o que nunca fazem ou adiantar tarefas já que não precisam comparecer ao trabalho. O tal sentido é esquecido e cede o lugar à correria dos tempos modernos.

Do lado islâmico, a data serviu para o reaparecimento de uma das figuras mais temidas na atualidade. Osama Bin Laden aproveitou a comemoração para fazer um “pedido” à União Européia. Na gravação publicada em um site islâmico, o líder da Al- Qaeda pede que as autoridades tomem uma forte atitude quanto a divulgação das charges que envolvem o profeta Maomé. O fato é discutido desde 2005.

E assim como veio cedo, a Páscoa também não tarda a ir embora. Segunda feira, tudo começa outra vez. Descansados, retoma-se a vida. As tarefas voltam a ocupar a cabeça (se não estiveram presentes durante os dias de folga) e as atividades voltam ao normal. Da reflexão pouco fica, quando muito, dura até mais alguns meses. Talvez a maior repercussão seja mesmo a aparição do líder islâmico, afinal, esta se estende por um bom tempo.

domingo, 2 de março de 2008

Razão de ser

Disseram-me que ele tinha voz de anjo. Não sei, nunca ouvi um para poder comparar. Mas que era divina, ah, disso não tenho dúvidas.

O auditório estava lotado. Atenção máxima aos poucos minutos que ficariam eternizados na lembrança. Antes mesmo que ele aparecesse, já era possível sentir o timbre inigualável e os agudos inconfundíveis. Sim, era ele, Milton Nascimento, em Porto Alegre.

Acompanhado pelo grupo Jobim Trio, Milton reviveu a Bossa Nova e os sucessos de sua carreira. Mesmo sentada na galeria da esquerda – o que implica uma visão lateral e leves fisgadas nas costas – o show foi bom e pagaria para ver de novo. Não há ritmo que faça a alma querer tanto dançar e que remexa tanto o corpo sem querer. Samba, Bossa, Milton.

Ao chegar em casa, ainda com as canções ressoando na cabeça, uma sensação de saciedade tomou conta de mim. Algo diferente de quando ligo o rádio para ouvir o que toca, um efeito distinto das músicas que, na atualidade, conhecemos por sucesso.

Muitos dos que estavam lá eram mais velhos que eu e talvez para eles o show tenha tido um significado a mais, pois ao som de melodias como “Coração de Estudante” talvez fosse possível recordar uma juventude que ia às ruas protestar, uma mocidade que sabia o que queria.

Hoje não é mais comum o engajamento estudantil, a junção de pessoas que pensam além, que têm sonhos semelhantes e que querem vê-los realizados. Parece que é tudo muito fácil ou tão difícil que nada é possível. Ou é preguiça ou desesperança. A vida tornou-se uma regra, uma rota que impede seguir por outra direção, pois quem assim o fizer, pode perder vez. E para muitos, isso significa ficar para trás.

As composições de tempos passados diziam mais. São poemas ritmizados, denúncias fantasiadas, desejos alcançáveis. Daí a sensação de saciedade, pois é disso que carecem as vidas sem razão.

Mas antes de qualquer comício, protesto ou passeata, é preciso observar, conversar, pensar. E se começar for difícil, então será o verdadeiro coração do estudante, que cuida da vida, toma conta da amizade, que tem “alegria e muito sonho espalhados no caminho, verdes, plantas, sentimento, folha, coração, juventude e fé”.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

"Um homem é o que ele lê, come e bebe na vida.
Logo deve escolher a melhor leitura,
a melhor comida
e a melhor bebida, o café..."

Goethe (1749-1832)

Vício justificado

Em meados do século XVII, período das grandes revoluções científicas, a população européia foi surpreendida com a descoberta de uma planta denominada Kaveh Kanes. Proveniente do Oriente Médio, a novidade adentrou por Veneza e, aos poucos, foi ganhando espaço no continente. Da torra do fruto - um grão rico em potássio, ferro, zinco e magnésio – uma bebida deliciava os presentes das antigas reuniões religiosas. Mas o sucesso foi tanto, que o líquido negro tornou-se indispensável em locais para conversas, debates, política e negócios. Logo, o café transformou-se sinônimo de cultura e aprendizado.

Apesar do rápido consentimento por parte do povo, o fluído foi, inicialmente, rejeitado pelos líderes católicos. Isso, por ser oriundo de mulçumanos – para ecumênicos, considerados infiéis - e pela cor, representando um sinal do diabo.

Foi preciso um século para que o papa Clemente VIII, Ippolito Aldobrandini, batizasse e abençoasse a bebida. Além disso, o pontífice determinou que o café deveria ser “puro como um anjo e doce como o amor”(http://cafeesaude.com.br).

Em Londres, o líquido tomou o lugar de muitas bebidas como cervejas escuras, hidromel com álcool, licores, menta, conhaque, vinhos e whisky, contribuindo, assim, com a saúde dos britânicos.

Também os jovens colaboraram para a ascensão do café. As tabernas, até então freqüentadas, foram substituídas pelas butiques, que esbanjavam elegância e eram "bem vistas".

Durante muito tempo, a planta que sustentou a economia do país ao final do século XIX, foi desaconselhada por médicos e especialistas, pois alegavam ser prejudicial à saúde.Todavia, nos últimos 20 anos, o café vem perdendo a fama de vilão. Em 2007, liderou as publicações positivas na área medicinal.

Após a realização de 19 mil testes, o cientista Tomas De Paulis constatou que, muito antes de prejudicar o bem estar, o café pode prevenir e ajudar no combate à doenças como depressão, alcoolismo, Mal de Parkinson e diabetes do tipo 2. Quem diria, tão criticada, a bebida é, novamente, reverenciada. Agradecem os que sempre acreditaram na boa e companheira xícara de café. Até mesmo quem não gosta, há de admitir que cheiro igual não existe. O aroma forte e reconhecido à distância, deve-se aos compostos formados durante a torra. Esses conseguem ser mais voláteis que as flores, que os perfumes e que os vinhos, tornando-o irresistível.

Aproveitem enquanto o café está no auge das pesquisas e enquanto seus benefícios são aprovados, pelo menos, até que venham novas descobertas e ele seja descartado. Aproveitem antes que ele volte a ser o vilão da história.

domingo, 13 de janeiro de 2008

O poder das cores

Rosa, roxo, vinho e verde escuro. Um pouco de preto, branco e laranja também. Todas elas justapostas. Emaranhadas. Cores que se unem e correm num sentido ondulado. Uma figura adventícia, mas de estranheza agradável, bela. Uma obra que mistura a exatidão geométrica com a liberdade de criar. Inspirada em Tarsila do Amaral, Beatriz Milhazes é hoje uma das pintoras de maior destaque no Brasil e fora dele. Seus quadros são admirados por apreciadores no Japão, em Nova Iorque e Madri.

Vermelho, cinza, preto. Não tem rosa, nem amarelo. Não tem verde nem azul. A única cor quente, segundo a arte, torna-se fria. Também não há beleza. Estas cores cobrem o cenário de uma luta pelo poder, uma guerra que já levou 700 vidas. Uma obra sem custos. Uma paisagem que assusta populações do Japão, de Nova Iorque, do Brasil e do mundo, mas em especial, do Quênia, porque lá é o local onde o quadro está sendo pintado.

Branco. O tom que recebeu as reféns que estavam sob o poder das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Uma arte comovente, porém de um alvo que esconde a constante busca pelo domínio. Nuance que denuncia a guerra entre os povos. Uma névoa que encobre a política que sempre deixa a desejar.

Tanto o roxo da Beatriz, quanto o vermelho do Quênia e o branco da Colômbia têm algo em comum. Todos estes matizes ilustram quadros espalhados no mundo inteiro. Os da artista não saem por menos de 40 mil dólares. Os outros não costumam ter preço. Vida não se paga. Que os cenários mudem. Que as cores se misturem e formem novas obras, mais belas talvez. Ah... se dependesse apenas de uma palheta e de um pincel....