domingo, 13 de janeiro de 2008

O poder das cores

Rosa, roxo, vinho e verde escuro. Um pouco de preto, branco e laranja também. Todas elas justapostas. Emaranhadas. Cores que se unem e correm num sentido ondulado. Uma figura adventícia, mas de estranheza agradável, bela. Uma obra que mistura a exatidão geométrica com a liberdade de criar. Inspirada em Tarsila do Amaral, Beatriz Milhazes é hoje uma das pintoras de maior destaque no Brasil e fora dele. Seus quadros são admirados por apreciadores no Japão, em Nova Iorque e Madri.

Vermelho, cinza, preto. Não tem rosa, nem amarelo. Não tem verde nem azul. A única cor quente, segundo a arte, torna-se fria. Também não há beleza. Estas cores cobrem o cenário de uma luta pelo poder, uma guerra que já levou 700 vidas. Uma obra sem custos. Uma paisagem que assusta populações do Japão, de Nova Iorque, do Brasil e do mundo, mas em especial, do Quênia, porque lá é o local onde o quadro está sendo pintado.

Branco. O tom que recebeu as reféns que estavam sob o poder das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Uma arte comovente, porém de um alvo que esconde a constante busca pelo domínio. Nuance que denuncia a guerra entre os povos. Uma névoa que encobre a política que sempre deixa a desejar.

Tanto o roxo da Beatriz, quanto o vermelho do Quênia e o branco da Colômbia têm algo em comum. Todos estes matizes ilustram quadros espalhados no mundo inteiro. Os da artista não saem por menos de 40 mil dólares. Os outros não costumam ter preço. Vida não se paga. Que os cenários mudem. Que as cores se misturem e formem novas obras, mais belas talvez. Ah... se dependesse apenas de uma palheta e de um pincel....