sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Tudo isso, jornalismo

Com o diploma nas mãos, um sorriso nos lábios, sonhos na cabeça. Jornalismo. Vontade de ir e vir de abraçar o mundo e por ele ser abraçada. Estar em todos os lugares. Participar, saber, conhecer.

Sonhar o sonho não utópico, o sonho que é começo. Acreditar, ir atrás. A expectativa de fazer e de querer viver o que é. Nervosismo.

Pensa o texto, escolhe o melhor ângulo, as imagens que guardarão o instante que a memória sozinha perderia com o tempo. Tudo isso, jornalismo.

A pesquisa, a fala. Comunica, observa. Reúne.Jornalismo.

Busca incessante. Exaustão que parece derradeira e que, de repente, leva a mais uma aventura, grande ou pequena, a mente que escolhe. Tudo e nada, desafios do saber. Do certo e do errado, do caminho a percorrer.

Tudo isso, jornalismo. Dos mais bonitos. De olhar o trabalho pronto e sentir a alegria da satisfação ou o sentimento de que poderia ter feito ainda mais, melhor. Perceber que não tem fim, que amanhã sempre tem mais e de novo e o ciclo não se acaba, mas vai levando e vai fazendo ser... jornalista.

Tudo isso, todas as emoções, todos os sentimentos, dedicação. O olhar vai sendo treinado e o coração é levado pela escolha da profissão. Tudo isso é jornalismo.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Um momento, apenas

Ontem, enquanto rumava ao trabalho, deparei-me com uma cena da qual ainda não consegui me desfazer. Nos poucos instantes em que olhei para fora da janela do ônibus, encontrei um menino sentado em um banco de uma praça deserta. Não havia ninguém mais no local. Nas mãos, tinha ele uma caneta ou um lápis talvez. À frente, sobre a mesa de madeira, um caderno. Ele olhava em direção ao horizonte e rabiscava algo na folha estendida. Será que estava a desenhar? Será que ensaiava as futuras linhas de uma poesia? Mas, parecia tão pequeno para isso tudo. Por que não brincava? Estava tão centrado em sua produção. Será que não tinha medo de ficar ali sozinho? E se chegasse alguém?

A cena, talvez, faça ainda parte de meus pensamentos pela tranquilidade do garoto e pela nostalgia dos tempo em que me era permitido desenhar para escapar dos deveres diários; quem sabe até um certo desejo de lhe fazer companhia. Vontade de sentar ali e fazer do tempo o desenhar das ideias que correm na memória. Vontade de sentar em uma praça deserta em um dia ensolarado.

Passei por lá hoje mais uma vez. Ele, no entanto, não mais fazia parte do cenário. O guri de, quem sabe, seus 10 anos já deve ter também muitas tarefas a fazer. Deveres da vida dita contemporânea...

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Sorrir só e só sentir

E naquele mesmo tempo, passado e presente se uniram para seguir o futuro. As notas desenhavam a melodia que se espalhava pelo ar. O som batia nos objetos e ecoava nos ouvidos. Harmonias misturavam-se aos sonhos e ela projetava-se a um lugar que não mais existia, não como um dia fora.

A sensação era a de que tudo o que estudara e lera e sempre quisera conhecer, tornava-se verdade concreta. "Então fez mesmo parte da história", pensava. As cartas, os instrumentos, as roupas, os olhares.

Que nobres foram esses que com a mesma música sentiram o que ela hoje sente? Que pessoas foram essas, cujas aparências foram preservadas pelo que fizeram de suas vidas? Virtuoses de um passado, do presente e de um futuro eterno. Gênios de uma arte que não temia expressar a pureza do sentir. Homens que não mais habitam, personagens de um tempo infinito.

E ali mesmo, os olhos marejados indicavam uma emoção vinda de algum lugar, mas não tinha com quem dividir, estava sozinha. Quis fingir não sentir, afastar tudo o que lhe vinha. Pensamentos, angústias, alegrias e tristezas. Quis ela disfarçar para que os outros não a vissem, mas também, estavam eles tão ocupados em tagarelar, talvez nem notassem. Ela preferia imaginar.

E por não ter com quem compartilhar, aprendeu a sorrir só, a sentir só e só ficar. Naquele instante a música era sua companhia; a vontade de ali estar, a razão; o prazer de conhecer; os motivos; a novidade, o prazer.








*Fotos: Casa de Mozart - Salzburg, Áustria

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

No matter who you are

Aqui, lá, do outro lado.
Eles não se conhecem. Também não cantam igual.
Estão, pois, unidos pelo que lhes é comum, a música.
Ao percorrer o mundo, um certo alguém resolveu juntá-los... e olha o que aconteceu:


sábado, 1 de agosto de 2009

Utilidade do ócio

Já que as aulas foram adiadas, meu “ócio” matinal foi prorrogado por mais duas semanas. Isso significa: mais tempos para tudo! Inclusive para a descoberta de novas paixões. Abaixo, uma singela lista de minha mais nova idolatria, a música irlandesa tradicional; dos festivais às mesas de bar com uma facilidade invejável.
Bom proveito!












quarta-feira, 22 de julho de 2009

E assim como entram, se vão. É, bem assim, com a mesma facilidade. Às vezes, do nada, elas aparecem no nosso caminho, ou nós tropeçamos no delas. Pessoas que conhecemos, nos acostumamos, e que, de repente, somem para não mais voltar. E aí você tem que mudar tudo para se acostumar, e voltar... Como se o vento tivesse mudado a direção e as levado consigo. Pessoas que a gente aprende a gostar e conviver. Seres que nos fazem ser únicos e que nos tornam únicos pelo simples fato de nos mostrarem um outro jeito de enxergar a vida, de vivê-la.

Nostalgia de momentos que o tempo aterrará.

Vontade que uma tempestade mudasse novamente a rota dos sopros e as trouxesse para cá; sonho que o futuro esquecerá. Pessoas que para sempre vão ficar.

*As fronteiras são longe... os estados nem tão pertos, as ruas da mesma Porto Alegre distanciam tanto quanto o outro lado é separado pelo oceano...

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Psicodélia dos velhos tempos...

Sim, estou atrasada, eu sei. Mas ainda estou na semana, não? Treze de julho foi dia mundial do rock e, por isso, também decidi falar sobre ele. Não aquele, hoje, reproduzido por zilhões de bandas. Quero falar de um estilo que mistura o clássico erudito com o clássico pesado.

Acontece que em outra das minhas atuais viagens pelos vídeos, encontrei mais uma raridade perdida entre os amontoados de streamings. E seguia assim... “Cause it's time, it's time in time with your time and it's news is captured…for the queen to use…”. Que news? Que queen?Captured por quem???

O rock progressivo, também conhecido por prog rock ou apenas prog, surgiu no final dos anos 60, agregando ao som, então apresentado, pitacos do jazz e do clássico. Uma espécie de harmonia e recombinações que tornaram o estilo um pouco mais refinado, trabalhado e sob uma nova forma de interpretar as notas. Músicas mais longas e que valorizavam a parte instrumental, letras estranhas. Temas como fantasia, religião, guerra, amor, loucura, história, política. Vocais bem estruturados, que ressoam no ouvido como se não necessitassem de acompanhamento. A arte de sugar do ser humano tudo o que ele é capaz e só ele.

Não vivi esta época, mas como queria ter desfrutado ainda mais as músicas de minutos infinitos, os antigos discos com apenas uma faixa; as palavras que pareciam não ter significado, e o significado escondido nas entrelinhas das metáforas; as viagens que o cérebro faz para entender... "We're just two lost souls simming in a fish bowl, Year after year" Como assim ? Que lindo! (lindo?)

Houve um tempo em que dedicava (e não perdia, pois de longe, isto seria uma perda) tardes para decifrar letras como essas... E na viagem, tentei até descobrir o tom da chuva (acho que fiquei perto de um lá menor, ou maior, não lembro). Pode alguém achar ser coisa boba, mas se até Nietzsche dizia que a música oferece às paixões o meio de obter prazer delas e que sem ela a vida não teria sentido, então acho que não posso me considerar tão inadequada, posso?

Não querendo comparar com o que, hoje, muito toca nas rádios (mas, já o fazendo),onde estão as músicas que fazem pensar? Que não dão de graça o significado direto? Que escondem e que podem deixar a imaginação adivinhar? ...Culpa do tempo? Das gerações? De uma sociedade acomodada com o que é mais fácil de ouvir e compreender?

Culpa de nada, coisa alguma, só os anos que passaram e nós (nós?) não somos o que eram nosso pais, avós, tataravós ... Enfim, na semana do rock, queria então voltar a pensar em ter um pouco mais de tempo para ele... só espero conseguir.