sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Um momento, apenas

Ontem, enquanto rumava ao trabalho, deparei-me com uma cena da qual ainda não consegui me desfazer. Nos poucos instantes em que olhei para fora da janela do ônibus, encontrei um menino sentado em um banco de uma praça deserta. Não havia ninguém mais no local. Nas mãos, tinha ele uma caneta ou um lápis talvez. À frente, sobre a mesa de madeira, um caderno. Ele olhava em direção ao horizonte e rabiscava algo na folha estendida. Será que estava a desenhar? Será que ensaiava as futuras linhas de uma poesia? Mas, parecia tão pequeno para isso tudo. Por que não brincava? Estava tão centrado em sua produção. Será que não tinha medo de ficar ali sozinho? E se chegasse alguém?

A cena, talvez, faça ainda parte de meus pensamentos pela tranquilidade do garoto e pela nostalgia dos tempo em que me era permitido desenhar para escapar dos deveres diários; quem sabe até um certo desejo de lhe fazer companhia. Vontade de sentar ali e fazer do tempo o desenhar das ideias que correm na memória. Vontade de sentar em uma praça deserta em um dia ensolarado.

Passei por lá hoje mais uma vez. Ele, no entanto, não mais fazia parte do cenário. O guri de, quem sabe, seus 10 anos já deve ter também muitas tarefas a fazer. Deveres da vida dita contemporânea...