quinta-feira, 2 de julho de 2009

Por uma legislação contemporânea e democrática

Quando escolhi ser jornalista e ingressar em uma faculdade foi para aprender. Aprender a técnica, o debate, a maneira de conduzir. Em uma faculdade, não se aprende a escrever, mas aperfeiçoar; não nos é ensinado a colocar acentos e fazer a pontuação da maneira correta, mas as diferentes formas que um texto pode assumir segundo as suas adequações. Aprende-se ética, legislação. Aprende-se a entender o papel da mídia na sociedade e o trabalho do profissional que dela participa. Considerar o diploma desnecessário é desqualificar, não apenas o ofício do jornalismo, mas também as informações que se encontram nos meios de comunicação. É retroceder uma conquista que titulou aqueles que lutaram pelo melhoramento do exercício.

Indignados com a decisão do STF, os professores debatiam a obrigatoriedade do diploma. E, ao contrário dos que se opõem ao ensino das faculdades, o jornalista Tibério Vargas contou que quando ingressou na faculdade, o título não era necessário. Então por que entrou? Para aprender! Queria qualificação profissional. E assim como ele, tantos outros o fizeram. O diploma não censura a liberdade de expressão, ele dá condições para que tal liberdade seja expressa.

Em muitos países, não é preciso cursar uma faculdade específica para exercer a profissão, basta que se tenha uma especialização na área. No entanto, cada vez mais, surgem, nas nações exteriores, faculdades que se preocupam com o ensino teórico e prático da profissão. A Europa, por exemplo, se encaminham para uma nova ideia em relação ao jornalismo e ao exercício do mesmo. Enquanto isso, nós aqui no Brasil seguimos na direção oposta.

É claro que, em quatro anos, não se aprende tudo (aliás, tudo não pode ser aprendido em quatro, cinco, dez, vinte anos...). É óbvio que só na prática do dia-a-dia o trabalho pode ser aperfeiçoado. Mas isso não exclui a base. A faculdade é o alicerce, o norte, o mínimo. Saber da história, da técnica (porque é através dela que o conhecimento será passado), dos meios; para isso é a faculdade. E para os que reclamam da qualidade, uma pergunta: quantos são os que se dedicam e que realmente querem ser jornalistas? Se os alunos não dão valor ao que lhes é ensinado, mesmo que não considerem um bom aprendizado (desculpa que muitos se fazem), então não há professor que consiga passar o conhecimento adiante.

O diploma não exclui a participação de outros profissionais para o esclarecimento da saúde, da física, do Direito ou de qualquer outra área. Nunca lhes foi barrada a participação, até porque, o trabalho do jornalista depende de todas as outras atividades. O nosso papel (incluo-me aqui pelo orgulho de cursar a faculdade e receber um diploma ao final) é elucidar as histórias contadas, traduzir termos técnicos, é dar voz a mais de um lado e passar o que foi contado para diferentes públicos através de mídias diversas.

Minha esperança é que a decisão possa ser modificada. Acredito no Jornalismo, no ensino, na faculdade, nos professores, na profissão que escolhi.


** Assista ao manifesto dos professores da Faculdade de Comunicação Social da PUCRS:
http://www.youtube.com/watch?v=JDrMStRLVFU

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